PUBLICAÇÃO 91810/06 - SVMA
Normas e Procedimentos para o recebimento, atendimento clínico, reabilitação e destinação de animais silvestres
Divisão Técnica de Medicina Veterinária e Manejo da Fauna Silvestre
DEPAVE-3
Sumário
PARTE I RECEBIMENTO DE ANIMAIS 5
1. Abertura do Prontuário 5
1.1 Ficha de Retenção e Destinação 5
1.2 Ficha Clínica 5
1.3 Ficha de Observação Diária 6
2. Cuidados Imediatos 6
3. Alojamento Durante a Internação 6
3.1 Aves 6
3.2 Mamíferos 6
3.3 Répteis 7
3.3.1 Quelônios terrestres (jabutis) 7
3.3.2 Quelônios aquáticos (tigres-d'água e cágados) 7
4. Casos Especiais 7
4.1 Recebimento de apreensões (Polícias Civil e Militar) 7
4.2 Recebimento de morcegos 7
4.3 Recebimento de animais domésticos abandonados em parques municipais 8
4.4 Animais não atendidos/recebidos na Divisão de Fauna 8
5. Situações Especiais 8
5.1 Desaparecimento, fuga não observada ou furto de animal 8
5.2 Fuga observada 8
PARTE II EXAME CLÍNICO E BIOMETRIA 9
1. Exame Clínico 9
1.1 Exames para auxílio diagnóstico 9
1.2 Outros exames 9
2. Biometria 9
2.1 Biometria de Aves 9
2.2 Biometria de Mamíferos 9
2.3 Biometria de Répteis 10
3. Observação Diária 10
4. Marcação Individual 10
4.1 Aves 10
4.1.1 Aves Silvestres 10
4.1.2 Aves exóticas e domésticas do acervo dos Parques 10
4.2 Mamíferos 10
4.3 Répteis 11
4.3.1 Quelônios 11
4.3.2 Serpentes e Lagartos 11
5. Morte e Eutanásia 11
5.1 Destino das carcaças 11
5.1.1 Carcaças descartadas 11
5.1.2 Carcaças para necropsia 11
5.1.3 Carcaças para taxidermia 11
6. Alta Clínica 11
PARTE III REABILITAÇÃO 12
1. Recintação 12
1.1 Aves 12
1.1.1 Troquilídeos e passeriformes 12
1.1.2 Psitacídeos 12
1.1.3 Anatídeos 12
1.1.4 Rapinantes 13
1.1.5 Aves em crescimento de penas 13
1.1.6 Aves em treino de vôo 13
1.1.7 Aves em treino de caça 13
1.1.8 Filhotes 13
1.2 Mamíferos 13
1.2.1 Cervídeos e roedores de grande porte 13
1.2.2 Mamíferos de médio porte 13
1.2.3 Primatas de médio porte 13
1.2.4 Primatas de pequeno porte 14
2. Higienização dos Recintos 14
3. Alimentação 14
3.1 Frugívoros/Folívoros 14
3.2 Nectarívoros 14
3.3 Insetívoros 14
3.4 Granívoros 14
3.5 Onívoros 15
3.6 Piscívoros 15
3.7 Carnívoros 15
3.8 Aves de rapina 15
3.9 Filhotes de aves 15
3.10 Filhotes de mamíferos 15
4. Reabilitação Alimentar 15
5. Treinamento 15
6. Cuidado com Filhotes 16
7. Formação de Grupos 16
7.1 Psitacídeos 16
7.2 Primatas de vida livre 17
7.3 Primatas de cativeiro 17
7.3.1 Sagüis 17
7.3.2 Macacos-prego 17
8. Conclusão da Reabilitação 17
9. Roteiro de Procedimentos Pré-Soltura 18
10. Recomendações para Transporte 18
10.1 Aves 18
10.1.1 Rapinantes 18
10.1.2 Aves Aquáticas 18
10.1.3 Passeriformes 18
10.2 Mamíferos 19
10.2.1 Cervídeos 19
10.2.2 Primatas para soltura 19
10.2.3 Primatas para cativeiro 19
10.3 Répteis 19
10.4 Peixes 19
10.5 Anfíbios 19
PARTE IV DESTINAÇÂO 20
1. Solturas e Reintroduções 20
1.1 Critérios para soltura 20
1.2 Critérios e providências para escolha do local de soltura 20
1.3 Adaptação no local de soltura 21
1.4 Acompanhamento e monitoramento pós-soltura 21
2 Cativeiro 22
2.1 Critérios para destinação para cativeiro 22
2.2.1 Inaptidão para vida livre 22
2.2.2 Espécies em Grupos de Manejo 22
2.2.3 Animais exóticos 22
ANEXOS 23
Referência Bibliográficas 26
Abreviaturas
CCZ Centro de Controle de Zoonoses
CEMAVE Centro de Pesquisas para Conservação das Aves Silvestres
CETAS Centro de Triagem de Animais Silvestres
CRAS Centro de Reabilitação de Animais Silvestres
DEPAVE Departamento de Parques e Áreas Verdes
FC Freqüência cardíaca
FR Freqüência respiratória
GTA Guia de Trânsito Animal
IATA International Air Transport Association
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
PMSP Prefeitura do Município de São Paulo
SEMAB Secretaria Municipal do Abastecimento
SVMA Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente
USP Universidade de São Paulo
PARTE I RECEBIMENTO DE ANIMAIS
Todos os animais recebidos na Divisão de Fauna são identificados com um número de cadastro que é registrado em seu prontuário. Este número é utilizado para sua identificação no recinto (viveiro, gaiola, caixa etc.) e para identificação das amostras coletadas durante o manejo para exames e marcação. Os procedimentos para abertura do prontuário, cuidados imediatos, exames, biometria e marcação são os seguintes:
1. Abertura do Prontuário
O prontuário é o conjunto dos documentos relativos ao animal. As informações nele contidas permitem que se estabeleça um consenso quanto a sua destinação. O prontuário é formado por Ficha de Retenção e Destinação, Ficha Clínica e Ficha de Observação Diária.
1.1 Ficha de Retenção e Destinação
A cada animal recebido deve corresponder uma Ficha de Retenção e Destinação. Outros documentos, como Boletim de Ocorrência (BO), Termo Circunstanciado (TC), Auto de Infração Ambiental (AIA), bem como ofício ou carta da instituição que encaminhou o animal, devem ser anexados à Ficha de Retenção.
No caso de apreensões em que vários animais são recebidos ao mesmo tempo, deve-se anexar uma única cópia desse(s) documento(s) (BO, TC etc.) ao prontuário do animal que tiver recebido o primeiro número de cadastro da seqüência dessa apreensão.
Os dados contidos na Ficha de Retenção e Destinação são fundamentais para o manejo e a destinação dos animais. As principais informações dessa ficha são:
* Procedência do animal: sempre que possível, procurar obter o endereço completo, isto é, endereço com CEP, Bairro, Distrito e Subprefeitura;
* Tipo de procedência: apreensão ou outro tipo de entrega de animais, que poderá ser por intermédio de CCZ, munícipes, administradores de parques etc.;
* Condições do encontro e/ou histórico: tempo de cativeiro, alimentação etc.;
* Declaração do portador: é necessário solicitar ao portador que preencha uma dDeclaração que consta no verso dessa ficha, informando seus dados pessoais e telefone para contato, e reservando à DEPAVE 3 a definição do destino do animal; (Anexo ___)
* Informações sobre o animal: sexo, idade, peso;
* Biometria e marcação: os dados de biometria e marcação são preenchidos durante o exame clínico inicial ou na ocasião do manejo.
1.2 Para orientação quanto à biometria, ver Anexos x a yFicha Clínica
Esta ficha registra a descrição inicial do caso e o comportamento do animal ao ser recebido (apático, alerta, agressivo, estressado). Contém ainda as seguintes informações:
* Tipo de contenção;
* Droga e dosagem utilizada, no caso de contenção química;
* Peso, temperatura, FC e FR do animal;
* Material biológico coletado;
* Exames solicitados;
* Resultados dos exames solicitados;
* Data da alta.
1.3 Ficha de Observação Diária
Esta ficha é usada para registrar as observações diárias relacionadas ao estado do animal durante a internação (ver 4. Observação Diária).
2. Cuidados Imediatos
* Transportar imediatamente para a sala de atendimento da clínica e realizar a pesagem ainda na caixa de transporte;
* Transferir o animal para um recinto, pesar novamente a caixa de transporte e calcular o peso do animal;
Providenciar:
* Primeiros socorros (no caso de animais doentes e/ou feridos);
* Preparação de recinto adequado;
* Conforto térmico e visual (presa / predador);
* Recipiente com água;
* Alimento, de acordo com as necessidades de cada espécie, a idade e as condições de saúde;
* Repouso;
* Identificação do recinto com etiqueta contendo o nome comum, o número de cadastro e a data de recebimento.
3. Alojamento Durante a Internação
Animais em tratamento ou que não necessitem de reabilitação devem ser alojados em gaiolas e viveiros portáteis que facilitem o manejo e tratamento.
3.1 Aves
* Aves de pequeno porte: utilizar viveiros de 3 andares e 6 repartições de 47 x 44 x 50 cm; ou sem repartição de 95 x 44 x 50 cm;
* Aves de grande porte: alojar em viveiros de 2 andares e 4 compartimentos de 60x80x56 cm.
* Anatídeos: alojar em caixas plásticas de 86 x 55 x 46 cm;
* Beija-flores: alojar em caixas plásticas de 40 x 25 x 15 cm com tampas teladas montadas com poleiros delicados e bebedouros para beija-flores;
* Passeriformes e psitacídeos: alojar individualmente, em pares ou em grupos de, no máximo, 8 indivíduos, dependendo do caso;
* Rapinantes adultos: alojar individualmente; bloquear a visibilidade com anteparos;
Colocar os poleiros de acordo com o tamanho do pássaro e das patas, colocar vasilhas para banho e expor os recintos diretamente ao sol o máximo possível.
3.2 Mamíferos
* Mamíferos de grande porte (veados e capivaras): alojar em recinto externo telado de 2 x 2 x 2 m com piso natural; a tela deve estar recoberta com lona plástica para bloquear a visibilidade;
* Mamíferos de médio porte (preguiças, cachorros-do-mato, quatis etc.): alojar em viveiros de 120 x 80 x 65 cm; os recintos devem ser enriquecidos de acordo com a espécie abrigada; instalar anteparos para restringir a visibilidade;
* Mamíferos pequenos: alojar em caixas plásticas de 85 x 55 x 65 cm, forradas com jornal e contendo palha ou serragem;
* Filhotes de primatas: alojar em viveiros de 120 x 80 x 65 cm, providos de poleiros grossos, enriquecidos com redes, bichos de pelúcia, cobertores, caixas de papelão para que o animal se abrigue, proteja-se do frio, distraia-se e brinque. Higienizar quinzenalmente todos os elementos de enriquecimento.
3.3 Répteis
3.3.1 Quelônios terrestres (jabutis)
* Alojar adultos e também filhotes em caixas plásticas escolhendo o tamanho adequado para o porte do animal. As dimensões podem ser 96 x 55 x 46 cm; 68 x 35 x 33 cm; 62 x 41 x 30 cm; 59 x 38 x 20 cm; 53 x 36 x 15 cm; 53 x 37 x 32 cm; colocar lâmpadas coloridas e aquecedor para manter a temperatura adequada; ou
* Alojar em recinto externo de 7 x 5 m cercado com tela de 70 cm de altura, em base de concreto de 25 cm, com piscina de concreto de 2 x 2 m com suave declividade de 20 cm e entrada e saída de água.
3.3.2 Quelônios aquáticos (tigres-d'água e cágados)
* Alojar em caixas plásticas, escolhendo a mais adequada ao porte do animal: 96 x 55 x 46 cm; 68 x 35 x 33 cm; 62 x 41x 30 cm; 59 x 38 x 20 cm; 53 x 36 x 15 cm; 53 x 37 x 32 cm ou então em grupos, em caixa dágua com capacidade para 1000 litros;
* Colocar uma lâmina dágua de forma a não cobrir totalmente o casco do animal e acrescentar pedras para descanso.
Lagartos
* Alojar em caixas plásticas de 86 x 55 x 46 cm forradas com folhas.
Serpentes
* Alojar os espécimes não venenosos em terrários de 17 x 25 x 15 cm, com tampa vazada;
* Alojar os espécimes venenosos em caixas de madeira, com tampa fechada por parafusos, e encaminhar para o Instituto Butantã.
4. Casos Especiais
4.1 Recebimento de apreensões (Polícias Civil e Militar)
Preencher e assinar uma declaração em duas vias, contendo todos os dados relativos àquela apreensão, número e espécie dos animais recebidos e os respectivos números de cadastro na Divisão. A primeira via será entregue ao policial; a segunda deverá ser assinada por ele, juntada aos documentos da apreensão e anexada ao prontuário conforme explicado anteriormente.
4.2 Recebimento de morcegos
Tendo em vista o papel destacado que os morcegos desempenham na epidemiologia da Raiva, seu recebimento deve seguir os seguintes passos:
* Abrir ficha de retenção e proceder conforme itens 1.2. É muito importante resgatar todo o histórico do animal.
* Não manusear o animal na Divisão para evitar o risco de exposição a acidente por mordedura.
* Encaminhar para o CCZ, para identificação da espécie e diagnóstico de Raiva.
4.3 Recebimento de animais domésticos abandonados em parques municipais
Filhotes de cães e gatos abandonados em Parques e trazidos para a Divisão devem ser mantidos em caixas plásticas de transporte para facilitar a remoção. A responsabilidade de remoção compete à Seção de Preventiva.
No caso de cães perdidos no Parque Ibirapuera:
* Alojar temporariamente o animal, em local seguro e distante dos animais silvestres internados;
* Comunicar o fato imediatamente à Administração do Parque e solicitar a colocação de um cartaz informativo, com o telefone da Divisão, em local visível para os usuários;
* Não havendo resgate até o dia seguinte ao recebimento, providenciar remoção para o CCZ.
Outros animais de pequeno porte abandonados em Parques poderão ser recebidos e alojados temporariamente na Divisão. As providências para destinação serão tomadas pela Clínica, que fará previamente uma avaliação de cada caso.
4.4 Animais não atendidos/recebidos na Divisão de Fauna
* Animais domésticos, como cão, gato, galinha, pato, marreco, ganso e pombos-correio, exceto aqueles abandonados em Parques;
* Pombos comuns (Columba livia); pombos gravemente feridos poderão ser recebidos com o objetivo de aliviá-los de sofrimento por meio de eutanásia humanitária;
* Animais de laboratório, como camundongos, ratos, coelhos, cobaias, hamsters;
* Animais silvestres exóticos mantidos em cativeiro como pets, como cágados-de-orelha-vermelha, periquitos-australianos, canários-do-reino, iguanas, chinchilas, gerbils, peixes de aquário etc.
Nestes casos, o procedimento adequado será anotar no Livro de Plantão as principais informações sobre o animal (idade, procedência, tempo de cativeiro etc), além do nome e telefone para contato, esclarecendo que a prioridade da Divisão é receber e tratar animais de vida-livre que possam ser soltos depois de recuperados.
Excepcionalmente, e sempre com a anuência de um técnico, um animal doméstico ou silvestre exótico poderá ser recebido para eutanásia humanitária, tratamento de emergência ou para ser encaminhado a outro particular (doação).
5. Situações Especiais
5.1 Desaparecimento, fuga não observada ou furto de animal
Comunicar imediatamente o fato à diretoria do DEPAVE para que seja providenciado o Boletim de Ocorrência (B.O.).
5.2 Fuga observada
Comunicar imediatamente, por meio de memorando, descrevendo os fatos e anexando ao documento uma declaração das testemunhas.
PARTE II EXAME CLÍNICO E BIOMETRIA
1. Exame Clínico
Sempre que possível, realizar o exame logo após o recebimento do animal.
* Observar o animal à distância a fim de providenciar o material necessário para o exame e/ou tratamento;
* Realizar contenção química, quando necessária;
* Coletar amostras para exames complementares para auxílio no diagnóstico, quando necessário;
* Coletar amostras para os exames de rotina, quando possível.
1.1 Exames para auxílio diagnóstico
São exames realizados para auxiliar o diagnóstico clínico como, por exemplo, exames radiográficos, hemograma, bioquímica sérica, exame coproparasitológico, cultura e antibiograma, exames sorológicos etc.
O tipo de exame e os resultados deverão ser anotados na Ficha Clínica.
1.2 Outros exames
São exames que fazem parte de protocolos específicos, referem-se a determinadas espécies ou classes de animais, e têm finalidade de pesquisa e/ou levantamento e controle das enfermidades que acometem animais selvagens.
* Os protocolos estabelecidos podem ser atualizados por meio de novos projetos de pesquisa bem como pela disponibilidade de novos convênios com outros laboratórios e/ou instituições.
* Alguns protocolos que envolvem projetos de pesquisa podem apresentar caráter provisório.
* Os protocolos estabelecidos por meio de convênios com outras instituições dependem da duração do convênio e da disponibilidade dessas instituições para a realização dos exames.
2. Biometria
A biometria é realizada para verificação do grau de desenvolvimento de um indivíduo e para auxiliar a identificação de espécies, em caso de dúvida, especialmente no caso das aves.
2.1 Biometria de Aves
A biometria de aves inclui comprimento total, largura da cabeça, comprimento da asa, do tarso, da cauda, do cúlme, da narina e peso (ver Anexos).
2.2 Biometria de Mamíferos
A biometria de mamíferos inclui comprimento do corpo, da cauda, da pata, da orelha, peso e tamanho dos testículos, em caso de machos adultos. Inclui ainda a verificação da fórmula dentária.
2.3 Biometria de Répteis
A biometria de quelônios inclui comprimento total, comprimento da carapaça, comprimento do plastrão e peso. A biometria de lagartos inclui comprimento total, comprimento da cauda e peso. A de serpentes, comprimento total e peso.
3. Observação Diária
Todos os animais internados são observados diariamente. Este acompanhamento inclui:
* Realização de curativos, administração de medicações, realização de procedimentos cirúrgicos, observações sobre a evolução clínica e propostas futuras (ex.: cirurgias, exames que necessitem remoção).
* Observações sobre o consumo de alimentos, mudanças na alimentação ou necessidade de alimentação induzida.
* Acompanhamento periódico quanto ao ganho ou a perda de peso.
* Observações sobre o comportamento, mudanças de recinto, alojamento com outro da mesma espécie, comportamento do indivíduo no grupo, tentativas frustradas de soltura, desaparecimento, fuga, etc.
4. Marcação Individual
A identificação individual (marcação) é feita tanto nos animais silvestres como nos animais de acervo, e o tipo de marca depende da espécie.
4.1 Aves
Anilhas plásticas ou de metal. Para identificação provisória de aves internadas (distinção entre indivíduos de uma mesma espécie) são utilizadas anilhas de plástico coloridas, aplicadas ao tarso-metatarso.
4.1.1 Aves Silvestres
São identificadas em membro posterior. A colocação é realizada somente por técnicos treinados e credenciados pelo CEMAVE/IBAMA (IBAMA, 1994)
4.1.2 Aves exóticas e domésticas do acervo dos Parques
São identificadas com anilhas, tatuagem ou microchip.
* Tatuagem aplicada na lateral do bico, para facilitar a visualização e a leitura.
* Microchip aplicado no dorso, entre as espáduas e na direção dorso-caudal.
4.2 Mamíferos
Os mamíferos são identificados por tatuagem, microchip e/ou perfurações nas orelhas (código numérico), dependendo da espécie e do porte, sempre sob anestesia.
* Tatuagem aplicada em uma área previamente depilada e/ou com densidade menor de pêlos, como a parte interna da coxa ou da orelha, para facilitar a visualização e a leitura.
* Microchip aplicado no dorso, entre as espáduas e na direção dorso-caudal.
* Perfurações aplicadas nas orelhas, compondo um código numérico.
4.3 Répteis
4.3.1 Quelônios
Os quelônios são identificados com marcas na carapaça, feitas com uma lima, na extremidade das placas. No recebimento, pode ser feita uma identificação provisória, anotando-se o número de cadastro em um esparadrapo colado ao casco.
4.3.2 Serpentes e Lagartos
Identificados com piques nas escamas, a partir da cloaca.
5. Morte e Eutanásia
Os procedimentos para eutanásia seguem as recomendações empregadas para eutanásia humanitária de animais de experimentação (LABORATORY ANIMALS, 1997).
5.1 Destino das carcaças
As carcaças dos animais que forem a óbito, que chegaram mortos ou que forem submetidos à eutanásia devem ser acondicionadas em sacos plásticos identificados com etiqueta escrita a lápis. Nesta etiqueta devem constar o nome comum, o número de cadastro e a data do óbito. As carcaças deverão ser mantidas em temperatura de refrigeração até que sejam descartadas pelo sistema de coleta de lixo hospitalar ou remetidas para necropsia e/ou taxidermia.
5.1.1 Carcaças descartadas
Devem ser acondicionadas em sacos plásticos brancos e colocadas no congelador para serem recolhidas pelo sistema de coleta de resíduos sólidos de saúde (lixo hospitalar).
5.1.2 Carcaças para necropsia
Devem ser mantidas no refrigerador até o exame. Quando o animal é encaminhado para necropsia em outra instituição, deve-se anotar no prontuário a data e o local para onde foi enviado.
* Se houver interesse no retorno da carcaça para taxidermia, mencionar no ofício de encaminhamento a necessidade de necropsia cosmética.
* Quando encaminhar mamífero para necropsia, solicitar exame para diagnóstico de raiva.
5.1.3 Carcaças para taxidermia
Quando se tratar de espécime raramente recebido pela Divisão, o Setor de Biologia deve ser consultado sobre o interesse em taxidermia.
6. Alta Clínica
Os animais liberados dos procedimentos clínicos recebem altas clínicas, sendo encaminhados ao CETAS para destinação, ou para o CRAS, para reabilitação. O prontuário segue junto com o animal.
PARTE III REABILITAÇÃO
Após a alta clínica, os animais liberados (identificados, clinicamente saudáveis e marcados), são listados em livro do CETAS, constando seu cadastro, data da alta e data de transferência para o CETAS. Quando necessitam de reabilitação, são encaminhados ao CRAS, onde é aberta uma ficha de identificação constando número no CRAS, data da entrada, marcação, antecedentes clínicos e procedência.
Os motivos de encaminhamento ao CRAS são: treino de vôo e caça, alteração de comportamento, crescimento de penas, teste de aptidão e imaturidade.
No CRAS os animais passam por avaliação física e funcional baseada nos seguintes critérios: (1) visão, (2) apoio e postura, (3) pele e anexos, (4) obtenção de alimento, (5) locomoção, (6) reação à presença humana e (7) sociabilização.
Durante a fase de reabilitação visando à soltura, alguns aspectos merecem especial atenção no manejo: recintação, enriquecimento ambiental, reabilitação alimentar, treinamento e formação de grupos, no caso de espécies sociais.
1. Recintação
Recintação é a preparação dos viveiros que alojam os animais silvestres em cativeiro.
Durante a fase de tratamento, é aconselhável que os animais sejam alojados em gaiolas, viveiros e recintos menores. Durante as fases de reabilitação e adaptação pré-soltura, preferência é dada a viveiros maiores, enriquecidos com elementos naturais que melhorem a qualidade de vida dos animais e permitam a manifestação de comportamentos típicos da espécie.
1.1 Aves
1.1.1 Troquilídeos e passeriformes
* Transferir as aves em boas condições para recintos externos de 165 x 110 x 90 cm para exercício de vôo;
* Enriquecer diariamente o ambiente com flores, como malvavisco e hibisco, e folhas naturais;
* Fazer teste de vôo em recinto externo de 2 x 2 x 2 m.
1.1.2 Psitacídeos
* Alojar em recintos externos de 2 x 2 x 2 m sem cambiamento em grupos de até 8 indivíduos;
* Colocar poleiros de madeira mais grossos, principalmente para os psitacídeos de médio e grande porte;
* Colocar abrigo nos recintos semelhantes aos encontrados na natureza como oco de árvores, caixas de madeira.
1.1.3 Anatídeos
* Alojar em recinto externo de 7 x 5 m cercado com tela de 70 cm de altura em base de concreto de 25 cm com piscina de concreto de 2 x 2 m com suave declive de 20 cm e entrada e saída de água.
1.1.4 Rapinantes
* Alojar em recintos para treinamento de vôo e fortalecimento da musculatura de 4 x 10 x 6 m; enriquecer com poleiros, troncos e abrigos.
1.1.5 Aves em crescimento de penas
* Alojar em recinto de pequenas dimensões, que não estimule o animal a grandes deslocamentos;
* Colocar vários poleiros em alturas diferentes, para inibir o comportamento de escalada da tela;
* Utilizar, no CRAS, recintos de 2,60 x 2 x 2 m (comprimento x largura x altura).
1.1.6 Aves em treino de vôo
* Posicionar dois poleiros nas extremidades do recinto, a uma altura cerca de 1 m menor do que a altura do recinto;
* Utilizar, no CRAS, os recintos de 10 x 5,30 x 4,40 m (comprimento x largura x altura).
1.1.7 Aves em treino de caça
* Alojar inicialmente em recinto pequeno (2,60 x 2 x 2 m) para facilitar a visualização da presa e com parapeito alto para evitar a saída da presa;
* Aumentar gradativamente a dificuldade da caça e transferir para recintos maiores.
1.1.8 Filhotes
* Avaliar a necessidade ou não de fonte de aquecimento;
* Fornecer alimento de acordo com o hábito alimentar e a idade do animal.
Manter sempre à disposição vasilhas para banho e alimento na parte superior do recinto.
1.2 Mamíferos
1.2.1 Cervídeos e roedores de grande porte
* Alojar no recinto de 2 x 2 x 2 m telado e com piso natural; cobrir a tela até altura de 1,5 m com lona; colocar abrigo compatível com o tamanho do animal; proteger a face interna da tela com lona plástica escura, evitando que o animal se jogue contra a tela. No CRAS, alojar em recinto de 5,70 x 6,10 m (comprimento x largura) com cambiamento de 2,15 x 2,30 m.
1.2.2 Mamíferos de médio porte
* Alojar em recintos externos de 2 x 2 x 2 m com porta de 140 x 55 cm para entrada do tratador e piso de cimento; colocar abrigo; enriquecer o ambiente de acordo com os hábitos da espécie.
1.2.3 Primatas de médio porte
* Alojar em recintos externos de 2 x 2 x 2 m com cambiamento de 1 x 1 x 1 m e porta de 140 x 55 cm para entrada do tratador; colocar poleiros grossos; instalar caixa de madeira de 60 x 50 cm para abrigar os animais; enriquecer com galhos de árvores, cordas com nós e cipós; colocar lonas plásticas de cor verde para proteger do frio noturno e removê-las durante o dia para os animais tomarem sol.
1.2.4 Primatas de pequeno porte
* Alojar em recintos externos de 2 x 2 x 2 m com cambiamento de 50 x 50 x 50 cm, piso natural e porta de 140 x 55 cm para entrada do tratador; colocar poleiros; instalar caixa de madeira para abrigar os animais; enriquecer o ambiente com cipós.
2. Higienização dos Recintos
* Higienizar gaiolas, caixas e demais recintos pequenos diariamente;
* Limpar diariamente os recintos externos, através de varrição para retirada de fezes, restos alimentares e demais resíduos;
* Atentar para apenas um funcionário entrar no recinto, agindo com cautela e em silêncio;
* Remover comedouros e bebedouros móveis para lavagem;
* Retirar periodicamente os animais para manejo e realizar uma completa higienização no recinto, compreendendo abrigos, telas e teto. Sempre que necessário, renovar o substrato do piso.
3. Alimentação
Parte da alimentação oferecida para os animais, tais como, as rações comerciais para aves, cães e gatos, sementes e leite são previstos e adquiridos com verba orçamentária. As frutas e verduras oferecidas são doadas, semanalmente, pela SEMAB e variam de acordo com as estações, ou são adquiridas em mercado. São coletados também frutos silvestres, flores, capim e peixes nos próprios parques, conforme a necessidade.
Para o fornecimento de roedores e insetos, o CRAS e o CETAS mantêm um pequeno biotério de manutenção, que recebe camundongos excedentes, criados em biotérios de instituições de pesquisa como o Instituto de Ciências Biológicas e a Faculdade de Medicina da USP. Uma parte do biotério destina-se à criação de insetos, como grilos e tenébrios.
A forma, quantidade, horário e o tipo de alimentação oferecida variam de acordo com o hábito alimentar das espécies, com a idade e a patologia apresentada.
3.1 Frugívoros/Folívoros
* Frutas da estação, acrescidas de frutos silvestres coletados nos parques e demais áreas verdes; oferecer folhas e flores frescas coletadas nos parques e áreas verdes.
3.2 Nectarívoros
* Ração contendo proteína animal, triturada e dissolvida em água, acrescida de néctar industrializado diluído em água; flores, como hibisco e malvavisco.
3.3 Insetívoros
* Tenébrios (larvas e besouros); grilos e cupins.
3.4 Granívoros
* Ração comercial e sementes (girassol, painço, etc).
3.5 Onívoros
* Frutas e folhas, ração comercial para ave ou cão ou gato, grãos, insetos, anelídeos, camundongos e ovos.
3.6 Piscívoros
* Peixes de tamanho compatível com o porte do animal, em bandejas com água.
3.7 Carnívoros
* Carne moída, peixe ou roedores.
3.8 Aves de rapina
* Camundongo morto e picado; camundongo morto e inteiro; e camundongo vivo, aumentando-se, dessa forma, o grau de dificuldade para captura da presa.
3.9 Filhotes de aves
* Papa de frutas, fubá, ou gema, ou outro item de acordo com as necessidades da espécie.
3.10 Filhotes de mamíferos
* Leite suplementado com frutas, farinhas e complementos de acordo com o caso.
4. Reabilitação Alimentar
Na reabilitação procura-se readaptar ou mesmo adaptar os animais com a alimentação e a forma de obtenção o mais próximo das condições naturais. Para isso, são coletados folhas, frutos e sementes silvestres nas áreas verdes e oferecidos aos animais em cativeiro. Os procedimentos atualmente adotados para primatas e psitacídeos alojados no Parque Ibirapuera, com expectativa de ampliação para os demais grupos e filhotes, são os seguintes:
* Coletar espécies vegetais disponíveis na estação do ano com base na dieta folívora, frugívora ou folívora-frugívora da espécie animal na natureza, segundo literatura e observação direta; na existência da espécie vegetal no local de soltura, constatada após estudo florístico na área, ou através de um reconhecimento preliminar;
* Lavar o material vegetal, arrumar em feixes, presos por arames, e colocar no centro do recinto para que os animais selecionem os itens de sua preferência;
* Avaliar o consumo dos itens alimentares pelos animais durante 5 dias;
* Após avaliação, passar a coletar e oferecer somente as folhas, flores, frutos e/ou sementes aceitos pelos animais.
5. Treinamento
Todos os animais em reabilitação no CRAS são avaliados diariamente, buscando-se fornecer uma escala crescente de desafios e dificuldades a fim de prepará-los para as reais condições de vida livre. O treinamento das aves de rapina é realizado em função de dois aspectos: vôo e caça.
No treinamento de vôo, avalia-se o nível de desempenho da ave, modificando-se os poleiros de acordo com o estado em que ela se encontra. Inicialmente utilizam-se poleiros de até 2,5 m e posteriormente de 4 m.
No treinamento de caça, consideram-se os aspectos ligados ao comportamento natural de caça da espécie considerada, ou seja, tipo de presa, período, freqüência e método de caça e quantidade de ingestão diária.
Nesse treinamento são importantes:
* A utilização de recintos com base de alvenaria de no mínimo 50 cm de altura, sem aberturas que permitam a saída da presa;
* A realização de teste com camundongos melânicos vivos, insetos (grilos e tenébrios) ou aves, a depender do hábito alimentar do animal;
* O fornecimento de alimento em nível gradativo de maior complexidade, iniciando com camundongo picado, posteriormente por camundongo morto inteiro e finalmente camundongo vivo;
* A avaliação da aptidão do animal segundo seu comportamento frente ao oferecimento de uma presa viva após um período mínimo de 12 horas de jejum.
6. Cuidado com Filhotes
A aplicação de técnica correta na criação de filhotes órfãos é fundamental para a sobrevivência desses animais em vida livre. A criação baseia-se na tentativa de equilíbrio entre dois princípios básicos: a sobrevivência do indivíduo e a manutenção dos comportamentos típicos de sua espécie, evitando-se a identificação do filhote com a espécie humana. Os procedimentos adotados variam muito em função da espécie trabalhada, mas em linhas gerais, são cumpridas as seguintes etapas:
* Identificação da espécie; quando não é possível, espera-se o animal crescer até apresentar as características padrão;
* Avaliação do grau de desenvolvimento físico, social e comportamental do animal;
* Definição do cardápio, com vistas tanto à sobrevivência quanto à introdução e manutenção de itens alimentares próprios de filhotes em vida livre;
* Colocação do animal em recinto adequando para protegê-lo contra predadores e fornecer fonte de aquecimento e elementos para exercício;
* Avaliação do crescimento e desenvolvimento, variável para cada espécie. Nesta avaliação, são realizadas pesagem e avaliação de desenvolvimento corpóreo (crescimento de pêlos, surgimento de penas, padrões de movimentação etc.);
* Reavaliação, sempre que necessário, dos seguintes aspectos: cardápio, recinto e treinamento;
* Integração, o mais precocemente possível, a grupos de filhotes da mesma espécie, mantidas as características biológicas de cada espécie.
7. Formação de Grupos
As espécies que apresentam comportamento social, como primatas e psitacídeos, devem ser alojadas em grupos, quando em cativeiro. Assim é possível criar condições próximas àquelas existentes na natureza, onde há interação entre os indivíduos, comunicação, estabelecimento de lideranças, acasalamento e reprodução. Este procedimento evita também a depressão dos indivíduos.
7.1 Psitacídeos
* Alojar papagaios, maracanãs-nobres e periquitões-maracanãs em grupos de até 8 indivíduos;
* Observar o comportamento dos animais e separar os indivíduos, imediatamente, em caso de não integração.
7.2 Primatas de vida livre
* Agrupar de acordo com seu histórico biológico e clínico;
* Reunir pelo menos uma fêmea por grupo, visando integração, reprodução, e cuidados maternais dos filhotes órfãos;
* Manter com os pais os filhotes nascidos em cativeiro até que eles apresentem certa independência para se alimentar e locomover para então promover a destinação da família;
* Criar os filhotes órfãos até o estágio juvenil avançado ou subadulto e posteriormente parear com outras fêmeas.
7.3 Primatas de cativeiro
7.3.1 Sagüis
* Alojar de acordo com seu histórico biológico e clínico; formar grupos de até 5 indivíduos; observar e separar, caso necessário;
* Reunir pelo menos um casal por recinto.
7.3.2 Macacos-prego
* Agrupar até 5 indivíduos; observar o comportamento e interação do grupo e separar, caso necessário.
8. Conclusão da Reabilitação
Ao término de seu período de reabilitação o animal é enquadrado em um dos seguintes grupos:
* Apto à vida livre: quando todos os procedimentos definidos para o caso foram desenvolvidos a contento e quando o animal apresenta habilidades e condicionamento para alimentação, locomoção e proteção contra predadores, sem o auxílio do homem.
* Inapto à vida livre: quando o animal não desenvolveu um ou mais atributos essenciais para sua sobrevivência em vida livre.
* Parcialmente apto à vida livre: quando o animal não consegue completar em cativeiro todas as etapas da reabilitação, necessitando um período em vida livre, sob acompanhamento, ou semi-cativeiro para que possa comprovar sua capacidade de viver independente.
* Óbito: quando o animal não resiste ao período de internação.
* Interrompido: quando há uma ocorrência de lesão ou doença que inviabilize a continuidade da reabilitação, este animal tem seu processo interrompido e é encaminhado para a Clínica para os procedimentos compatíveis.
9. Roteiro de Procedimentos Pré-Soltura
* Observar diariamente os animais e avaliar os seguintes aspectos: comportamento, hábito alimentar, e eventuais acontecimentos neste período pré-soltura e/ou destinação;
* Avaliar as condições biológicas (vôo, vocalização, consumo alimentar);
* Avaliar o grau de mansidão;
* Considerar a estrutura social e territorialidade;
* Conhecer o hábitat e os hábitos das diferentes espécies, compatibilizando essas informações com o horário e os recursos ambientais disponíveis no local de soltura. Por exemplo, aves de rapina devem ser soltas ao entardecer; animais aquáticos necessitam de coleções hídricas (lago, rio, brejo, várzea);
* Marcar todas as aves com anilhas PMSP, que são numeradas seqüencialmente com letras e números conforme diâmetros estabelecidos no Manual de Anilhamento de Aves Silvestres do CEMAVE-IBAMA (IBAMA, 1994);
* Verificar, antes de soltar, se os animais pertencentes às classes Reptilia e Mammalia também estão marcados;
* Certificar-se de que a soltura será acompanhada por um técnico da Divisão;
* Avaliar a necessidade de suplementação alimentar para animais com algum histórico de cativeiro, mas que apresentam condições para soltura.
10. Recomendações para Transporte
Solicitar ao IBAMA a emissão da Licença para Transporte, mediante apresentação de relatório das solturas realizadas no período pelo CETAS, e levar consigo durante o transporte do animal ao local de soltura;
No caso de animais destinados para outras localidades ou instituições, providenciar também Atestado Médico e Guia de Trânsito Animal (GTA), emitido por veterinário credenciado pelo Ministério da Agricultura.
Em caso de transporte aéreo, proceder de acordo com as instruções da IATA (IATA, 2003).
10.1 Aves
10.1.1 Rapinantes
* Transportar gaviões, falcões, corujas e urubus em caixas plásticas pequenas (45 x 35 x 30 cm) e médias (85 x 55 x 65 cm) com portas teladas e alça;
* Colocar capuz nos rapinantes para minimizar o estresse durante o transporte;
* Forrar o interior das caixas com folhas de jornal.
10.1.2 Aves Aquáticas
* Transportar garças, biguás, socós e demais aves aquáticas de médio e grande porte, em caixas plásticas médias (85 x 55 x 65 cm) e grandes (110 x 70 x 75 cm) com portas teladas e alça.
10.1.3 Passeriformes
* Realizar o transporte das aves em caixas com compartimentos individuais de tamanhos variados de acordo com a espécie;
* Restringir a mobilidade das aves para evitar lesões.
10.2 Mamíferos
10.2.1 Cervídeos
* Transportar em caixas plásticas grandes ou caixas de madeira forradas com folhas ou palha seca;
* Sedar o animal para evitar que se debata e se machuque durante o trajeto.
10.2.2 Primatas para soltura
* Transportar em cambiamento de tela artística, com dimensões de 1 x 1 x 1m, com porta tipo guilhotina, acoplável ao recinto instalado no local de soltura onde os animais permanecerão para adaptação pré-soltura;
* Forrar o cambiamento com folhas de jornal;
* Colocar um casal ou uma família de até 3 indivíduos por cambiamento;
* Fechar a porta com cadeado e cobrir com lona plástica para minimizar o estresse durante o transporte, deixando espaço para ventilação.
10.2.3 Primatas para cativeiro
* Transportar individualmente em caixas de madeira de 80 x 60 x 60 cm;
* Forrar o cambiamento com folhas de jornal.
10.3 Répteis
* Transportar cobras e lagartos em caixas de madeira de 27 x 27 x 12 cm com tampa dobrável e aparafusada para total segurança.
* Colocar dentro da caixa um pedaço de algodão umedecido em água para prover umidade.
10.4 Peixes
* Transportar peixes em sacos plásticos resistentes ou caixas plásticas ou caixas dágua conforme o número de animais e a espécie;
* Retirar água do aquário, tanque ou espelho dágua que contém os peixes, preferencialmente antes do manejo, adicionando 1/3 de água e 2/3 de ar;
* Fechar a boca dos sacos com ligas de borracha durante a viagem;
* Ao chegar ao local de soltura, deixar o saco flutuando no corpo dágua por 30 minutos, para equilibrar a temperatura da água do saco com a temperatura externa;
* Abrir os sacos e deixar que entre água do local aos poucos dentro do saco para só então liberar os peixes no novo local.
10.5 Anfíbios
* Transportar sapos e rãs em caixas plásticas de 18 x 11 x 13 cm tipo cestinha pequena com ventilação e alça ou então em saquinhos de algodão de 30 x 20 cm;
* Colocar folhas úmidas e, em caso de muito calor, borrifar água sobre o ambiente e os animais;
* Evitar colocar espécies diferentes no mesmo recinto, a menos que haja certeza de que não haverá predação.
PARTE IV DESTINAÇÂO
1. Solturas e Reintroduções
As normas e procedimentos para solturas e reintroduções adotados pela Divisão de Fauna visam o equilíbrio e revigoramento das populações naturais contribuindo para conservação da biodiversidade. A tomada de decisão sobre a viabilidade de cada soltura é baseada em uma série de critérios que devem ser praticados rotineiramente.
1.1 Critérios para soltura1
A soltura dos animais silvestres pela Divisão de Fauna está condicionada ao cumprimento de alguns critérios, ou seja, o animal a ser encaminhado para soltura deverá:
* Ser espécie silvestre nativa;
* Ter recebido alta clínica;
* Ter sido identificado (espécie ou subespécie);
* Ter sido marcado com tatuagem (mamíferos), microchip ou anilha (aves);
* Estar apto à vida livre, segundo as Normas e Procedimentos;
* Ter ocorrência natural para o Município ou Estado de São Paulo (para outros estados do país, os animais são repatriados em ações coordenadas pelo IBAMA);
* Ter preferencialmente procedência conhecida (para animais de apreensão, considerar a ocorrência natural das espécies);
* Ter seu histórico considerado (período de cativeiro, alimentação oferecida e comportamento).
1.2 Critérios e providências para escolha do local de soltura
* Considerar o local de procedência natural como a primeira opção para soltura;
* Considerar os parques e áreas verdes próximos ao local de procedência como a segunda opção;
* Considerar outras áreas mais distantes como a terceira opção, respeitada a ocorrência natural da espécie;
* Consultar as listas de espécies dos Parques Municipais e áreas verdes elaboradas pela Divisão de Fauna (SÃO PAULO, 2006) para verificar se a espécie a ser solta foi registrada no local previsto para soltura;
* Considerar as condições do entorno e os fatores de grau de impacto existentes na área como, por exemplo, loteamentos clandestinos, cães errantes, rodovias, redes elétricas, caçadores etc.
* Providenciar e incentivar a realização de levantamento florístico preliminar das áreas com potencial para soltura. Este trabalho é feito pelo Herbário Municipal do DEPAVE/SVMA/PMSP;
* Analisar os resultados do levantamento florístico preliminar;
* Considerar o interesse e disponibilidade dos proprietários das áreas nas ações que envolvem a soltura de animais silvestres;
* Solicitar ao proprietário que cadastre a propriedade como área de soltura junto ao IBAMA, caso ainda não tenha sido cadastrada;
* Dar preferência a locais que apresentem condições de semi-liberdade para adaptação pré-soltura, mantendo oferta de alimentação e abrigo próximo a estas áreas, mesmo após a soltura.
1.3 Adaptação no local de soltura
* Transportar os animais para o local em que serão soltos;
* Os recintos devem ter tamanho compatível com o das espécies;
* Aves que estiveram em cativeiro, apresentando certo grau de mansidão, devem ser alojadas em viveiros, em áreas previamente escolhidas e cadastradas junto ao IBAMA, onde serão alimentadas e vistoriadas diariamente até o momento da soltura que será variável para cada espécime;
* Considerar e evitar a predação dos animais na montagem dos viveiros; montar viveiros suspensos no caso de aves; considerar a insolação do recinto;
* Os animais devem permanecer no local por um período mínimo de 3 dias de pré-adaptação, este poderá se estender por 20 dias em alguns casos;
* Observar diariamente o comportamento, higidez, consumo de alimentos e as excreções; encaminhar para Divisão em casos de anormalidades;
* Realizar a soltura quando os animais voltarem ao seu comportamento natural: não apreensivos, tranqüilos, com apetite, com fezes normais;
* Abrir o recinto e permitir que os animais saiam naturalmente; facilitar a saída dos animais com aberturas na parte superior do recinto; no caso de primatas, instalar pontes para facilitar o alcance das árvores;
* Manter o recinto aberto e o fornecimento de alimentos após a soltura; instalar comedouros na área de soltura;
* Considerar o melhor período para a soltura dos animais de acordo com o hábito da espécie (noturno, diurno, vespertino); considerar a época do ano para os animais que apresentam torpor (lagartos, beija-flores) e para as aves migratórias;
* Documentar a soltura, e o deslocamento dos animais nas primeiras horas após a soltura, com câmeras fotográficas e filmadoras;
* Oferecer itens alimentares silvestres que façam parte da dieta natural da espécie, disponíveis no local de soltura.
1.4 Acompanhamento e monitoramento pós-soltura
* Visitar quinzenal ou mensalmente as áreas de soltura para observação direta, com auxílio de binóculos. No caso das aves, a atividade inclui registro de vocalização e abertura de redes de neblina, para captura, marcação, biometria e soltura imediata;
* Anotar os dados em ficha de campo, onde deverão constar dados da ave, como biometria, idade, sexo e estado da plumagem, data e identificação do anilhador;
* Vistoriar o local de soltura sempre que possível, com o intuito de localizar os animais soltos ou suas fezes (no caso de mamíferos);
* Registrar os avistamentos relatados pelos moradores locais na ficha de observação dos animais;
* Registrar os nascimentos obtidos em vida livre mediante relato de moradores e proprietários das áreas de soltura.
2 Cativeiro
2.1 Critérios para destinação para cativeiro
2.2.1 Inaptidão para vida livre
* Inaptidão em virtude de impotência funcional;
* Inaptidão por comportamento inadequado, como no caso de animais muito mansos;
* Animais que vivem em grupos, mas não se adaptam à convivência com outros da mesma espécie.
2.2.2 Espécies em Grupos de Manejo
* Animais de espécies que fazem parte de Grupos de Manejo e Reprodução determinados pelo IBAMA;
2.2.3 Animais exóticos
* Animais silvestres procedentes de outros estados ou biomas, quando esgotadas as possibilidades de repatriação;
* Animais de espécies exóticas.
Referência Bibliográficas
IATA, 2003. Live Animals Regulation. 30th ed. Montreal: International Air Transport Association.
http://www.iata.org/ps/publications/9105.htm
IBAMA. 1994. Manual de anilhamento de Aves. Brasília, Centro de Pesquisas para Conservação das Aves Silvestres, Ibama, 146p.
LABORATORY ANIMALS. Recommendations for euthanasia of experimental animals: Part 1. Londres,1996. p. 293-316.
LABORATORY ANIMALS. Recommendations for euthanasia of experimental animals: Part I1. Londres,1997. p. 1-32.
SÃO PAULO. Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente. Levantamento da Fauna do Município de São Paulo no período de 1993 a 2005. Diário Oficial [da] Cidade de São Paulo, v. 51. n. 104, 3. jun. 2006. Suplemento.
1 Sempre que possível, consultar também as Comissões que trabalham com a espécie.